27 maio 2007

Quem deve avaliar os professores

Quem deve avaliar os professores?

Sobre a avaliação dos professores, tal como a dos médicos, advogados, engenheiros e outras, teríamos uma tese para escrever.

Primeiro, julgo que é importante apurar o conceito de "profissão" no sentido que lhe é dado pela literatura anglo-saxónica e que em português não tem nenhum vocábulo que lhe possa ser equivalente.

Profissão é uma ocupação de alguém que foi sujeito a uma formação universitária longa, no mínimo com o grau de licenciado, que tem uma função e preocupações sociais, que não pauta a sua actividade por razões de lucro (senão seria um negócio), que exerce a sua actividade com autonomia (não confundir com independência) e, finalmente, cuja avaliação (regulação se se quiser) é feita entre e pelos pares.

Para apurar este conceito de regulação entre pares podemos pensar na regulação da actividade profissional realizada pelas ordens, na dos médicos, por exemplo.

O que está em causa na avaliação agora decretada pelo governo é que ela não satisfaz este requisito, ao invés, coloca a avaliar os professores pessoas estranhas à escola e que têm uma visão menor e meramente normativa da função docente, refiro-me, obviamente, aos inspectores.

Isto não significa que o ME não possa definir critérios e momentos dessa avaliação, bem como as suas consequências mas, atente-se bem, quanto mais o ME se distanciar do processo avaliativo dos professores maior é a garantia de que a avaliação não funciona como elemento de persuasão política. Temos assistido a uma crescente utilização partidária do sistema educativo o que leva a supor o empenho do governo na instrumentalização política do processo avaliativo dos docentes

Ao ME não deve caber a indicação de quem irá avaliar os professores sob pena de cairmos na partidarização do ensino, processo a que, apesar de tudo, as escolas e os professores têm resistido, muito embora na conjuntura actual pareça quase inevitável que tal venha a acontecer, a menos que, o professorado eleja como prioridade da sua acção reivindicativa a inclusão na sua formação contínua da abordagem da Profissionalidade Docente o que não tem sido possível pois tem sido o ME a definir as prioridades da formação contínua dos docentes.

A ofensiva posta em prática contra os professores é um processo suicidário que leva ao descrédito dos professores e da escola e ao afastamento dos pais do acompanhamento dos seus filhos na escola e da correspondente colaboração com os professores.

No discurso deste processo raramente se pondera num facto muito importante com o qual todos parecem estar de acordo: deu-se uma explosão escolar, a “escola de massas” mas, essa explosão escolar não foi só de alunos, tinha de ser de professores também.

Se alunos desmotivados para a escola passaram a sentar-se nos seus bancos, paralelamente, muitos candidatos a um novo emprego encontraram na escola a resposta às suas necessidades. A carreira docente ofereceu-se mais fácil que anteriormente e ainda propiciadora de uma mobilidade social nunca antes vista.

Nos anos 80 e 90 assistiu-se ao recrutamento massivo de novos professores, alguns deles, sem que disso tivessem consciência, mal preparados e com os quais o ME não tem tido a atenção desejável e que lhes seria devida.

Os resultados estão à vista porque o que mais salta à vista, são os pontos mais negativos do sistema quando afinal, vistas as coisas com alguma seriedade, por essas escolas fazem-se milagres! A propósito vale a pena dar uma vista de olhos a um livro de Joaquim Azevedo (ontem em entrevista no Diga Lá Excelência na TV2) que foi

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu Querido Amigão
Muitíssimo Bom!!!
Muitos parabéns!!!
Vou enviar-te um e-mail!
Abraço
James

jatavares disse...

James
Isto vai devagar mas com segurança, vamos agarrar esta nova morada!
Abraço
JT